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Professor por profissão e idealismo. Discípulo de Jesus, um aprendente...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Resposta de uma professora à crítica descabida de Veja

Ótimo texto
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- Acrescento que, até mesmo em Brasília, na Capital Federal, ainda não se permitiu que os professores pudessem usar uma planilha eletrônica, tão bem elaborada atingindo os melhores resultados, com lançamentos de notas, faltas, totais desses, e até média com arredondamento, elaborada em um planilha de excel... e isso já foi feito por professores de várias escolas.. A instituição deu preferência pelo trabalho manual, utilzando-se de pequena calculadora, não menos arcaica!
É importante também destacar a educação familiar, numa modernidade em que é crime educar e disciplinar filhos, eles que ainda nada sabem, são quem, segundo os novíssimos filósofos, devem decidir sobre qual é o melhro caminho! Santa Ignorância...
Assim, faz muita falta uma varinha, que não machuca ninguém em casa, para que nossos filhos saibam que, para tudo há limites, e possa ouvir e atender os professores...Se não conseguem ouvir os pais em casa, vão saber ou querer ouvir os professores???
As crianças de hoje estão entregues à sua própria direção em casa, têm sua própria motivação e desafeição, assim, na escola, jamais atendem à nenhuma outra motivação, senão àquela que recebem em casa.
Penso que governantes, de um modo geral, e educadores deveriam conscientizar os pais e mães de famílias sobre esse grave problema. tal atitude significaria grande prevenção social e significaria, também, grande economia de verbas públicas na Segurança Pública, que teria muito menos questões de convulsão social e marginalidade a resolver...
Jornalista tem cada uma - fazer reportagem é fácil, vá atuar na área que estão criticando!!!
Desculpem o preâmbulo e boa leitura...
(Saulo Ferreira)
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Leiam a resposta de uma professora do Paraná a reportagem da revista Veja sobre a educação no Brasil.

Abaixo cópia da carta escrita por uma professora que trabalha no Colegio Estadual Julio Mesquita,
à revista Veja.

RESPOSTA À REVISTA VEJA


Sou professora do Estado do Paraná e fiquei indignada com
a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “Aula Cronometrada”.
É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre
as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS razões que
geram este panorama desalentador.
Não há necessidade de cronômetros, nem de especialistas
para diagnosticar as falhas da educação. Há necessidade de todos os
que pensam que: “os professores é que são incapazes de atrair a
atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital”
entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira. Que alunos
são esses “repletos de estímulos” que muitas vezes não têm o que comer
em suas casas, quanto mais inseridos na era digital? Em que pais de
famílias oriundas da pobreza trabalham tanto que não têm como
acompanhar os filhos em suas atividades escolares, e pior em
orientá-los para a vida? Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas
drogas e destruídas pela ignorância e violência, causas essas que
infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas
brasileiras. Está na hora deos professores se rebelarem contra as
acusações que lhes são impostas. Problemas da sociedade deverão ser
resolvidos pela sociedade e não somente pela escola.

Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha
infância, onde pai e mãe, tios e avós estavam presentes e quando era
inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos
professores e não cumprir as obrigações fossem escolares ou
simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje
“repletos de estímulos”. Estímulos de quê? De passar o dia na rua,
não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas
horas da noite??? (quando o têm), brincando no Orkut, ou o que é ainda
pior envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida.
Realmente, nada está bom. Porque o que essas crianças e jovens
procuram é amor, atenção, orientação e ...disciplina.

Rememorando, o que tínhamos nós, os mais velhos, há uns
anos, de estímulos? Simplesmente: responsabilidade, esperança,
alegria. Esperança de que, se estudássemos teríamos uma profissão,
seríamos realizados na vida. Hoje os jovens constatam que se venderem
drogas vão ganhar mais. Para que o estudo? Por que numa época com
tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens? Quem, dos mais
velhos, não lembra a emoção de somente brincar com os amigos, de ir
aos piqueniques, subir em árvores? E, nas aulas, havia respeito, amor
pela pátria.. Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas
“chatas” só na lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com
fluência. Se não soubéssemos, não iríamos para a 5ª. Série.
Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão. E
tínhamos motivação para isso.

Hoje, professores “incapazes” dão aulas na lousa, levam
filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de literatura juvenil
para leitura em sala-de-aula (o que, às vezes, resulta em uma
revolução), levam alunos à biblioteca e outros locais educativos
(benza, Deus, só os mais corajosos!) e, algumas escolas públicas onde
a renda dos pais comporta, até passeios interessantes, planejados,
minuciosamente, como ir ao Beto Carrero. E, mesmo, assim,
a indisciplina está presente, nada está bom.
Além disso, esses mesmos professores “incapazes” elaboram atividades
escolares como provas, planejamentos, correções nos fins-de-semana,
tudo sem remuneração;

Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não
é cronometrado quando estão cansados. Professores têm 10 minutos de
intervalo, quando têm que se escolher entre ir ao banheiro ou tomar, às
pressas, o cafezinho. ( Professor de Educação infantil, não tem intervalo).
Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação, professor tem que
se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo que trabalhe 40 horas semanais.

E a saúde?
É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico, tem que repor horas aulas. Plano de saúde? Muito precário. Há de se pensar,
então, que são bem remunerados... Mera ilusão! Por isso, cada vez
vemos menos profissionais nessa área, só permanecem os que realmente
gostam de ensinar, os que estão se aposentando e estão perplexos com
as mudanças ocorridas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma
chance de “cair fora”.
Todos devem ter vocação para Madre Teresa de
Calcutá, porque, por mais que se esforcem em ministrar boas aulas,
ainda ouvem alunos chamá-los de “vaca”,”puta”, “gordos “, “velhos”
entre outras coisas.
Como isso é motivante e temos ainda que ter forças para motivar.
Mas, ainda não é tão grave. Temos notícias, dia a dia, até de agressões a professores por alunos. Futuramente, esses mesmos alunos,
talvez agridam seus pais e familiares.

Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de
Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau de
incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite. E acho que
esse grau já ultrapassou. Chega de passar alunos que não merecem.
Assim, nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de
aula; eles passam sem estudar mesmo, diante de tantas chances, e com
indisciplina... E isso é um crime! Vão passando série após série, e
não sabem escrever nem fazer contas simples. Depois a sociedade os
exclui, porque não passa a mão na cabeça. Ela é cruel e eles já são
adultos.

Por que os alunos do Japão estudam? Por que há
cronômetros? Os professores são mais capacitados? Talvez, mas o mais
importante é porque há disciplina. E é isso que precisamos e não de
cronômetros. Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme
carreira mediante cursos, capacitações que são realizadas,
preferencialmente aos sábados.
Portanto, a grande maioria dos professores está constantemente estudando e aprimorando-se.

Em vez de cronômetros precisamos de carteiras escolares,
livros, materiais, quadras esportivas cobertas (um luxo para a grande
maioria de nossas escolas), e de lousas, sim, em melhores condições e
em maior quantidade. Existem muitos colégios nesse Brasil afora que
nem cadeiras possuem para os alunos sentarem. E é essa a nossa
realidade! E, precisamos, também, urgentemente de educação para que
tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo

Em plena era digital, os professores ainda são obrigados a
preencher os tais livros de chamada, à mão: sem erros, nem borrões
(ô, coisa arcaica!), e ainda assim ouve-se falar em cronômetros.
Francamente!!!

Passou da hora de todos abrirem os olhos e fazerem algo
para evitar uma calamidade no país, futuramente. Os professores não
são culpados de uma sociedade incivilizada e de banditismo, e
finalmente, se os professores até agora não responderam a todas as
acusações de serem despreparados e “incapazes” de prender a atenção
do aluno com aulas motivadoras, é porque não tiveram TEMPO. Responder a
essa reportagem custou-me metade do meu domingo, e duas turmas sem as
provas corrigidas.

A Esperança venceu o Medo, com Lula